AS FEZES são substâncias corporais de grande importância que ajudam a verificar a presença de microrganismos causadores de doenças.
Um exame de fezes é indicado quando um paciente apresenta sintomas de desconforto gastrointestinal, como dor abdominal, diarreia ou vômito. Também pode ser usado como uma ferramenta de diagnóstico para identificar infecções, parasitas ou outros distúrbios gastrointestinais. Também é usado para rastrear o câncer colorretal, sendo recomendado para indivíduos com mais de 50 anos.
O exame de fezes é geralmente solicitado para detectar problemas digestivos e diagnosticar infecções causadas por bactérias, rotavírus, protozoários e verminoses.
Esse tipo de exame também verifica a possível presença de sangue nas fezes e a quantidade de gordura contida nas fezes.
O médico poderá solicitar o exame de fezes como exame de rotina ou caso o paciente apresente diarreia frequente, acompanhada de febre, sangue ou muco nas fezes, cólicas, dor no estômago, náuseas, vômitos ou prisão de ventre.
Alguns exemplos de bactérias nas fezes que podem causar uma infecção são: Staphylococcus aureus e Clostridium perfringens (causadoras da diarreia na intoxicação alimentar); Escherichia coli e Salmonella spp. (responsáveis pela disenteria e gastroenterite aguda).
Alguns dos parasitas mais achados em exames de fezes são: Entamoeba histolytica, Giardia lamblia e Taenia spp.
Quais são os tipos de exames de fezes?
Existem vários tipos de exames de fezes que podem ser solicitados de acordo com o objetivo do exame.
A quantidade da amostra de fezes dependerá da recomendação do laboratório e do exame que será realizado, embora não seja necessário grandes quantidades de amostra. Os principais tipos de exames de fezes que os médicos geralmente solicitam são:
1. Exame macroscópico das fezes
O exame macroscópico das fezes tem como objetivo realizar a observação das fezes macroscopicamente, avaliando a cor, consistência, forma, odor e presença de muco nas fezes, fatores que estão associados com a quantidade de água ingerida durante o dia ou alguma possível infecção.
A presença de uma quantidade pequena de muco nas fezes é normal, mas quando a presença de muco é abundante ou quando as fezes apresentam um muco sanguinolento, já é anormal.
A cor normal é amarelada devido a presença de bilirrubina e bile. Dependendo da dieta que o paciente esteja fazendo, a cor das fezes irá variar bastante.
Fezes com cor de argila são observadas em obstruções biliares. Se a cor das fezes for preta e escura, isso é sinal de que sangue está sendo perdido do sistema gastrointestinal superior. Fezes de cor preta também podem acontecer devido ao tratamento com ferro ou bismuto.
2. Exame microscópico das fezes
O exame microscópico das fezes é realizado para investigar protozoários, helmintos e leucócitos nas fezes. Em fezes normais, não são observados eritrócitos e leucócitos.
Geralmente, os leucócitos são visualizados em infecções bacterianas e não são observados em diarreias causadas por vírus e parasitas.
Esse exame permite identificar parasitas intestinais através da avaliação microscópica das fezes, revelando a presença de ovos, cistos, trofozoítos e vermes adultos.
Se as fezes não forem examinadas imediatamente, elas são mantidas em formol a 10% para helmintos e protozoários.
A menor quantidade de amostra necessária para a realização do exame é de 2 a 5 gramas, sendo que pelo menos três amostras consecutivas são necessárias para o exame de parasitas.
3. Cultura microbiológica das fezes
A cultura microbiológica das fezes, também chamada de coprocultura ou cultura de fezes, é um exame que identifica o microrganismo infeccioso responsável pelas alterações gastrointestinais.
Geralmente, nesse exame são investigados Salmonella spp., Shigella spp., Escherichia coli, Campytobacter spp., Yersinia spp. e Vibrio spp.
O ideal é que a amostra de fezes seja coletada no início do quadro diarreico, antes do tratamento com antibióticos, pois a positividade da cultura diminui com o passar dos dias, devido a redução do número de bactérias.
4. Teste de sangue oculto nas fezes
O teste de sangue oculto nas fezes serve para avaliar a presença de sangue oculto nas fezes que não são possíveis de ver a olho nu.
As indicações para a realização desse teste incluem: anemia, sangramento gastrointestinal e triagem de câncer colorretal.
Pode ser solicitado também para ajudar a diferenciar a Síndrome do Intestino Irritável da Doença Inflamatória Intestinal, que provavelmente indicará um resultado positivo.
Algumas recomendações são importantes antes da realização desse teste. Três dias antes de realizá-lo, deve-se evitar certos alimentos, como forma de prevenir resultados falsos.
O consumo de carne vermelha, bem como frutas e vegetais crus, incluindo melão, brócolis e couve-flor, podem estar associados a resultados falso-positivos, bem como a coleta inadequada em pacientes que estão no período menstrual.
Resultados falso-negativos podem ser vistos em pacientes que tomam ácido ascórbico (vitamina C) acima de 250 mg/dia.
5. Pesquisa de Rotavírus
Esse exame investiga a presença de rotavírus nas fezes, que é o vírus conhecido como a causa mais comum de gastroenterite grave, principalmente em lactentes e crianças pequenas, levando ao desenvolvimento de fezes líquidas, diarreia e vômitos.
Os métodos utilizados para detectar rotavírus nas fezes incluem: testes imunológicos, como o ensaio imunoenzimático (ELISA) e aglutinação em látex; e testes de ácido nucleico, como Reação em Cadeia da Polimerase (PCR).
Através do teste ELISA, o vírus pode ser detectado 1 a 2 dias antes do início da doença. Em alguns casos, também pode ser detectado até 2 semanas após a recuperação da doença.
Cuidados durante a coleta e armazenamento das fezes
O paciente deve passar a amostra de fezes para um recipiente limpo, seco, livre de desinfetantes, adequado, de gargalo largo ou em um copo de plástico com tampa hermética.
A recomendação é coletar aproximadamente 20 a 40 gramas de fezes sólidas ou 5 a 6 colheres de sopa de fezes aquosas. Isso já será o suficiente para um exame de rotina.
Tome cuidado com a ingestão de alguns medicamentos antes da coleta da amostra fecal, pois pode interferir na detecção dos microrganismos.
Estes medicamentos incluem sulfonamidas, laxantes, antiácidos, óleo de rícino, hidróxido de magnésio, sulfato de bário, sais hipertônicos, entre outros. Preferencialmente, esses medicamentos não devem ser tomados pelo menos 1 semana antes do exame de fezes.
Todos os recipientes devem ser devidamente rotulados com o nome do paciente, idade, sexo e data da coleta.
Ao armazenar a amostra de fezes até o momento da entrega, não mantenha a amostra em temperaturas quentes e tente mantê-la em locais frescos.
Evite a contaminação da amostra com urina ou partículas de sujeira. Em alguns casos, múltiplos exames de fezes podem ser necessários antes que a presença de uma infecção seja descartada.
Referências
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