A afasia é considerada como a falta da capacidade de comunicar, de forma falada ou escrita. Este problema tem como característica a dificuldade de nomear pessoas e objetos[1]Damasio AR. Aphasia. New England Journal of Medicine. 1992 Feb 20;326(8):531-9..
O sintoma é comum da neurologia clínica e pode ocorrer devido ao acidente vascular cerebral ou de outras condições[2]Clark DG, Cummings JL. Aphasia. InNeurological disorders 2003 Jan 1 (pp. 265-275). Academic Press..
Tipos de afasia
Afasia de Wernicke
Existe dificuldade na compreensão, mas a fala pode ser fluente, ou logorreia, que não faz sentido. Neste caso o paciente tem dificuldade de compreensão e de expressão e não consegue articular as palavras e irrita-se[3]Weisenberg T, McBride KE. Aphasia: A clinical and psychological study..
Afasia de Broca
Neste caso é preservada a compreensão, porém, existe dificuldade devido à falta de palavras. Em alguns casos é escolhido jargões, uma palavra ou um nome para uma situação, assim o individuo acredita que está se comunicando.
Afasia global
Existe a perda da capacidade de fala, compreensão, leitura e escrita.
Afasia de condução
Neste caso a compreensão fica relativamente preservada. A fala é apresenta de forma fluente e espontânea, mas existe dificuldade em repetir corretamente as palavras.
Agente causador
No geral a situação é devido alguma lesão cerebral. A sua origem é devido as lesões provocada por desordens nas artérias ou nas veias do cérebro.
Estas desordens são conhecidas como apoplexia, de derrame ou de hemorragia cerebral. O nome médico se resume a AVC, ou acidente vascular cerebral.
Para funcionar corretamente o cérebro precisa de glicose e de oxigênio, mas quando a circulação fica prejudicada, graças ao AVC entre outras coisas, as células da região vão morrendo. Conforme o local afetado, algumas funções ficam comprometidas.
Sintomas da afasia
Os sintomas podem ser variados. Alguns sintomas comuns incluem:
- Alterações no comportamento: tendência a isolamento social, repetição constante de palavras.
- Alterações na fala: dificuldade para compreender e/ou falar, repetir as mensagens ouvidas.
- Alterações na escrita: dificuldade para entender e compreender textos, dificuldade para escrever
- Alterações motoras: dificuldades para realizar gestos, ou representar as ideias de outra maneira
Diagnóstico da Afasia
O diagnóstico é um diferencial, para facilitar o tratamento. Existem várias modalidades de afasia e pode causar danos na fala, escrita, leitura ou entendimento. Desta forma, é necessário fazer um estudo para minimizar os danos[4]Damasio AR. Signs of aphasia. Acquired aphasia. 1998 Sep 9;2:27-43..
É preciso verificar a histórica clínica do paciente. Normalmente os testes de qualificação são feitos para descobrir quais áreas foram afetadas. Na elaboração do diagnóstico leva vários fatores como idade, o sexo, a lateralidade, a etiologia, o tempo de evolução, a personalidade escolaridade e o meio social.
Além disso, é feito teste de língua, de função dos lábios, de laringe, de repetição. Este estudo é longo para ser feito o melhor diagnóstico. Após detectar o tipo, pode ser iniciado o tratamento.
Sinais para diagnóstico da afasia incluem:
- Dificuldades com a visão, especialmente hemianopsia
- Déficits de função motora ou sensorial
- Déficits neurocomportamentais, como alexia, agrafia, acalculia ou apraxia
Prevenção de afasia
Como a condição é causada por lesões no cérebro, algumas medidas podem prevenir tal acontecimento.
O AVC, ou acidente vascular cerebral tem causas multifatoriais. Algumas causas incluem drogas, hipertensão, doenças metabólicas. Com isto é necessário ter hábitos de vida saudáveis.
Outras situações, como acidentes automobilísticos podem levar a lesões, assim como a idade avançada. Desta forma, a melhor opção é consultar um médico periodicamente e fazer exames de rotina.
Tratamento da afasia
Se o dano cerebral for leve, uma pessoa pode recuperar as habilidades linguísticas sem tratamento. No entanto, a maioria das pessoas passa por terapia de fala e linguagem para reabilitar suas habilidades linguísticas e complementar suas experiências de comunicação[5]Bhogal SK, Teasell R, Speechley M. Intensity of aphasia therapy, impact on recovery. Stroke. 2003 Apr 1;34(4):987-93..
A terapia fonoaudiológica é a base do atendimento aos pacientes com afasia.
O tratamento com fonoaudiólogo visa ajudar a restaurar parte de sua capacidade de comunicação, bem como ajudá-lo a desenvolver formas alternativas de comunicação, se necessário.
Na maioria dos casos a pessoas que tem o problema não está ciente, o que acaba dificultando. Para a situação, os fonoaudiólogos trabalham junto para ajudar a recuperar a comunicação total ou diminuir os danos.
O tempo de tratamento é variável e depende de muitos fatores e até mesmo das condições médicas. Para os pacientes com formas leve e possível garantir a comunicação, sempre com certas restrições.
Para facilitar o ideal é sempre falar pausadamente e usar palavras-chave.
O livro de comunicação montado pelo fonoaudiólogo, com desenhos, pode ajudar. Atualmente existem muitas opções para o tratamento da afasia, no entanto, para resultados positivos é fundamental paciência e saber lidar com a doença.
Prognóstico da afasia
Se a afasia for causada por um evento isolado, como um acidente vascular cerebral, a maioria dos pacientes se recupera até certo ponto com a terapia. Não há evidências que sugiram que a recuperação pare em um momento específico após o acidente vascular cerebral[6]Parr S, Byng S, Gilpin S. Talking about aphasia: Living with loss of language after stroke. McGraw-Hill Education (UK); 1997 Oct 1..
Mas a chance de recuperação é menor para pessoas com afasia resultante de uma condição neurológica progressiva.
Algumas pessoas ainda podem responder à terapia, mas atualmente não há boas maneiras de reverter a lesão em evolução no cérebro[7]Watila MM, Balarabe SA. Factors predicting post-stroke aphasia recovery. Journal of the neurological sciences. 2015 May 15;352(1-2):12-8..
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Referências Bibliográficas
↑1 | Damasio AR. Aphasia. New England Journal of Medicine. 1992 Feb 20;326(8):531-9. |
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↑2 | Clark DG, Cummings JL. Aphasia. InNeurological disorders 2003 Jan 1 (pp. 265-275). Academic Press. |
↑3 | Weisenberg T, McBride KE. Aphasia: A clinical and psychological study. |
↑4 | Damasio AR. Signs of aphasia. Acquired aphasia. 1998 Sep 9;2:27-43. |
↑5 | Bhogal SK, Teasell R, Speechley M. Intensity of aphasia therapy, impact on recovery. Stroke. 2003 Apr 1;34(4):987-93. |
↑6 | Parr S, Byng S, Gilpin S. Talking about aphasia: Living with loss of language after stroke. McGraw-Hill Education (UK); 1997 Oct 1. |
↑7 | Watila MM, Balarabe SA. Factors predicting post-stroke aphasia recovery. Journal of the neurological sciences. 2015 May 15;352(1-2):12-8. |