A INFECÇÃO urinária, também conhecida como cistite ou infecção do trato urinário, é uma infecção causada por microrganismos patógenos, em especial as bactérias, que podem ocorrer na bexiga e em estruturas associadas, como rins, ureteres e uretra.
Uma infecção urinária não complicada geralmente envolve apenas a bexiga.
É comum as infecções urinárias ocorrerem entre as idades de 16 e 35 anos, com 10% das mulheres contraindo uma infecção ao ano, e mais de 40% contraindo uma infecção pelo menos uma vez na vida.
Recorrências são bastante comuns e ocorrem pelo menos quatro vezes com mais frequência em mulheres do que em homens, devido à uretra mais curta, alterações hormonais e proximidade do ânus.
Nas mulheres, pode ocorrer também durante a gestação e, no caso dos homens, geralmente acontece na infância ou na quinta década de vida.
Infecção urinária se trata de uma infecção comum que é facilmente tratada com antibióticos.
No entanto, caso o tratamento adequado não seja realizado, ou até se o paciente decidir realizar uma automedicação, a infecção urinária pode se tornar grave, levando a complicações, como a infecção nos rins, doença conhecida como pielonefrite.
Nesse estágio, o problema já se tornou agressivo e, sem os devidos cuidados, pode até evoluir para uma infecção generalizada.
O que é pielonefrite?
A pielonefrite é uma infecção bacteriana que causa inflamação renal, espalhando-se da bexiga para os rins.
A pielonefrite complicada ocorre com mais frequência em mulheres grávidas, pacientes com diabetes não controlado, transplantados renais, pacientes com anormalidades anatômicas urinárias, pacientes com insuficiência renal aguda ou crônica, bem como pacientes imunocomprometidos e com infecções bacterianas adquiridas no hospital.
A pielonefrite é causada principalmente por bactérias gram-negativas. As mais comuns são a Escherichia coli, Proteus, Klebsiella e Enterobacter.
Dentre essas bactérias, a E. coli é a mais comum que causa pielonefrite, devido à sua capacidade única em aderir e colonizar o trato urinário e os rins.
Rins infectados com E. coli podem gerar uma resposta inflamatória aguda, levando à cicatrização do parênquima renal que, consequentemente, rompe as barreiras protetoras, levando a infecção localizada, hipóxia, isquemia e coagulação na tentativa de conter a infecção.
Em grande parte dos pacientes com pielonefrite, o microrganismo infectante virá de sua flora fecal. No entanto, outras causas estão atreladas à pielonefrite. Por exemplo, a obstrução do trato urinário causada por uma pedra nos rins também pode levar à pielonefrite.
Uma obstrução do fluxo de saída da urina acarreta em esvaziamento incompleto e estase urinária, fazendo com que as bactérias se multipliquem, sem serem eliminadas.
O refluxo vesicoureteral é uma causa menos comum de pielonefrite, que se refere a uma condição congênita onde a urina flui da bexiga para os rins.
Sintomas de pielonefrite
Os sintomas podem se manifestar dentro de algumas horas ou ao longo de um dia. Geralmente, os sinais e sintomas podem incluir:
- Febre;
- Calafrios;
- Dor nas costas, na região lateral do tronco e na virilha;
- Náuseas;
- Vômitos;
- Dor e ardência ao urinar;
- Aumento da frequência de micções;
- Urina turva;
- Mal-estar generalizado;
- Sangue na urina.
Em mulheres, geralmente os sintomas mais presentes são: disúria (dor ao urinar) e hematúria (sangue na urina). Em crianças, os sintomas comuns podem estar ausentes.
Sintomas como déficit de crescimento, febre e dificuldade de alimentação são observados em recém-nascidos e crianças menores de 2 anos de idade. Idosos podem manifestar confusão mental, febre, deterioração e danos a outros sistemas de órgãos.
Durante o exame físico, a aparência geral do paciente será variável, em que alguns parecerão doentes e desconfortáveis, enquanto outros poderão estar aparentemente saudáveis.
No caso de febre, geralmente é alta, muitas vezes acima de 40°C. A dor no ângulo costovertebral geralmente é unilateral sobre o rim afetado, porém, em alguns casos, ocorre dor bilateral.
Visto que a pielonefrite pode ser fatal, é essencial procurar atendimento médico imediato, em caso de suspeitas que você esteja nessa condição.
Diagnóstico da pielonefrite
O diagnóstico de pielonefrite envolve basicamente anamnese e exames físicos, mas estudos laboratoriais e de imagem também podem ser úteis.
O médico irá solicitar exame de urina e cultura de urina. No exame de urina, será observado a presença de piúria, o achado mais comum em pacientes com pielonefrite.
A produção de nitrito revelará que a bactéria causadora é a E.coli. Proteinúria e hematúria microscópica também podem estar presentes no exame de urina.
Exames de sangue, como uma contagem completa de células sanguíneas, ajudam a procurar uma elevação nos glóbulos brancos.
O exame de imagem de escolha para pielonefrite é a tomografia computadorizada abdominal/pélvica com contraste.
Normalmente, exames de imagem não são necessários para o diagnóstico dessa condição, mas são indicados para pacientes com transplante renal, pacientes em choque séptico, com diabetes mal controlado, pacientes com infecção urinária complicada, imunocomprometidos ou com toxicidade persistente por mais de 72 horas.
A ultrassonografia também pode ser realizada à beira do leito, pois não tem exposição à radiação e pode revelar anormalidades renais, contribuindo para a solicitação de exames adicionais ou tratamento definitivo.
Tratamento da pielonefrite
A base do tratamento envolve a administração de antibióticos, analgésicos e antipiréticos. Os anti-inflamatórios não esteróides também funcionam bem para tratar a febre e a dor associadas à pielonefrite.
O tratamento com antibióticos deve ser ajustado de acordo com os resultados da cultura de urina. Casos complicados requerem tratamento antibiótico intravenoso até que haja uma melhora clínica. Pacientes não internados devem ser acompanhados para resolução dos sintomas em 1 a 2 dias.
Os resultados da cultura de urina de acompanhamento precisam ser obtidos apenas em pacientes que estejam em situação não complicada e, geralmente, não são necessários em mulheres saudáveis e não grávidas.
Geralmente, o tratamento hospitalar é necessário para os pacientes que são muito jovens, idosos, imunocomprometidos, pacientes com diabetes não controlado, pacientes transplantados renais, pacientes com anormalidades nas estruturas do trato urinário, mulheres grávidas ou aqueles pacientes que não toleram a ingestão oral dos medicamentos.
Como prevenir a pielonefrite?
Algumas medidas podem ser tomadas para prevenir a infecção urinária e, consequentemente, a pielonefrite:
- Beba bastante água, pois uma boa hidratação ajuda a eliminar os agentes infecciosos quando a pessoa urina;
- Não segure sua urina, pois urina armazenada na bexiga pode se transformar em um foco de infecção;
- Após a relação sexual, urine, para eliminar os agentes infecciosos que talvez tenham penetrado pela uretra;
- Se estiver grávida, tenha cuidado redobrado;
- Nunca se automedique, nem interrompa o tratamento para infecção urinária.
Referências
BELYAYEVA, M.; JEONG, J. M. Acute Pyelonephritis. National Library of Medicine, StatPearls, 2022.
BONO, M. J.; LESLIE, S. W.; REYGAERT, W. C. Urinary Tract Infection. National Library of Medicine, StatPearls, 2022.