Crianças podem beber café? A partir de que idade sua ingestão já é aceita pelos médicos?
O café
Quente, gelado, adoçado, espresso, coado, com leite… Existem diversas formas de consumir a bebida, que tradicionalmente está presente em grande parte dos lares brasileiros.
O café, bebida feita a partir dos grãos torrados e moídos do fruto proveniente do cafeeiro, é considerado, depois da água, a bebida mais consumida no Brasil. Tendo um consumo cultural forte enraizado em nosso país.
Conforme estudos apontam, o café, em certas quantidades, pode ser muito benéfico para a saúde, podendo inclusive ser um aliado no tratamento de diversas doenças e transtornos.
Porém, por ser uma bebida estimulante, será que é aconselhada para qualquer pessoa em qualquer idade? A partir de que idade o consumo de café já é aceito pelos médicos e nutricionistas?
Como o café age no organismo
Ao longo do dia, nosso corpo produz naturalmente um produto secundário chamado adenosina. Cientistas confirmam que o acúmulo desta substância seja um causador da sensação de sonolência, sendo muito importante para conseguirmos dormir tranquilamente de noite, mas também sendo um possível responsável pela sonolência que podemos sentir ao longo do dia.
A cafeína é reconhecida como sendo um antagonista da adenosina, ou seja, ambas compartilham o mesmo tipo de receptor cerebral.
Portanto, quando ingerimos algo que possua cafeína na sua composição, como o próprio café, estamos reduzindo o número de receptores de adenosina disponíveis para que ela se ligue, fazendo com que percamos em muitos casos a sensação de sonolência que a substância traz.
Porém, esta relação de antagonismo e a alta procura por receptores específicos pode fazer com que haja um aumento no número de receptores presentes no cérebro, fazendo com que seja necessário cada vez maiores quantidades de cafeína para produzir o mesmo resultado.
Além da adenosina, a ingestão de café está relacionada a diversos outros processos que ocorrem no nosso corpo, podendo, quando ingerido em quantidades saudáveis e adequadas, ser benéfico para o coração, ajudar na prevenção de problemas respiratórios, auxiliar em casos de depressão, melhorar a memória, o foco, a atenção, auxiliar na performance do intestino grosso, melhorando a evacuação, e entre muitos outros benefícios.
Porém, se tratando de uma bebida estimulante, sua ingestão não é amplamente indicada para qualquer pessoa em qualquer idade. Gestantes e pessoas com problemas cardíacos ou psiquiátricos específicos, por exemplo, podem em alguns casos não terem a ingestão de cafeína recomendada por médicos e especialistas.
Mas afinal, e as crianças? Podem ou não tomar café?
A alimentação durante a infância é de extrema importância para garantir um bom crescimento e desenvolvimento físico, mental e cognitivo do ser humano.
Sendo recorrente que os pais tenham dúvidas em relação ao que pode ou não ser apresentado a criança em diferentes estágios do crescimento.
A ingestão de café não é amplamente recomendada para crianças, e sempre que possível, seria interessante evitar o consumo de bebidas que apresentam cafeína em sua composição por parte das crianças, além de terem um acompanhamento pediátrico e nutricional adequado.
Porém, a partir dos primeiros anos de vida, a autonomia alimentar da criança vai crescendo, conforme começa a frequentar outros espaços e ter contato com diferentes pessoas, como no início dos anos pré escolares e até mesmo o contato com vizinhos e amigos. De forma que, muitas vezes há curiosidade em parte da criança de experimentar certos alimentos, como o café, tão cultural e amplamente difundido no Brasil, mas a partir de que idade ele pode começar a ser ingerido com segurança?
É sempre bom lembrar, que grande parte dos pediatras recomendam que até os seis meses de vida, a alimentação seja baseada apenas no leite materno, iniciando a incorporação de novos alimentos a partir do sexto mês, e sempre com cautela e se possível acompanhamento especializado.
E mesmo após o sexto mês, nem todo alimento ou bebida é indicado, havendo algumas contra indicações de consumo, como no caso do café e outras bebidas que possuam cafeína ou alguma outra substância estimulante na sua composição.
Desta forma, a ingestão de café é fortemente contra-indicada até os dois anos de vida, podendo começar a ser oferecida em pequenas quantidades a partir dos dois anos, porém sempre coado, não muito forte e de preferência misturado a algum tipo de leite, não excedendo meia xícara por dia.
É também interessante que o café seja descafeinado e sem açúcar ou qualquer tipo de produto com potencial de adocicar a bebida, uma vez que a bebida adoçada pode servir como um incentivo extra para a criança ingerir maiores quantidades da bebida e iniciar uma relação não tão saudável com a cafeína logo nos primeiros anos de vida.
Até os seis anos, não é recomendado que a criança ingira mais do que o indicado acima. Após o sexto ano de vida, caso haja uma maior curiosidade ou incentivo, podem aumentar um pouco a dose, não ultrapassando uma xícara diária e seguindo as recomendações de ser um café coado, não muito forte, misturado a outra bebida como o leite e de preferência não adoçado.
Sempre que possível, seria interessante que se esperasse até a adolescência ou início da vida adulta para iniciar o consumo de café, assim como de outras bebidas estimulantes, principalmente quando levamos em consideração que o ato de beber café é um hábito facilmente enraizado no dia a dia, e que pode apresentar algumas características que dificultem a redução do seu consumo ao longo da vida.
De maneira que pode ser positivo que seu consumo se inicie somente após os últimos anos da adolescência, na faixa etária de 17 ou 18 anos, quando o sistema nervoso central já está mais desenvolvido e preparado.
Além disso, consultar um profissional da área médica ou nutricional pode ser uma ideia interessante quando se tem dúvidas em relação à alimentação e desenvolvimento das crianças, até mesmo quando se trata da ingestão e consumo de alguns alimentos e bebidas específicas, tendo a opinião de um pediatra especializado para certificar que seu filho terá uma nutrição adequada e crescimento saudável.