Estudos anteriores já apontavam que uma maior ingestão de flavonoides na dieta está associado a taxas mais lentas de declínio cognitivo e demência. O mesmo foi apontado para alimentos ricos em antocianinas e proantocianidinas – substãncias que dão às bagas sua cor vermelha, azul ou roxa e melhoram a sua cognição.
O novo estudo dos pesquisadores da East Anglia destaca o potencial neuroprotetor dos cranberries, que são frutos ricos nesses micronutrientes e reconhecidos por suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias.
A equipe de pesquisa se colocou como pergunta entender como os cranberries poderiam ajudar a reduzir a neurodegeneração relacionada à idade.
Dessa maneira foram observados os impactos na função cerebral e no colesterol de 60 participantes cognitivamente saudáveis que consumiram cranberries ao longo de 12 semanas. Metade dos participantes consumiu pó de cranberry liofilizado, equivalente a uma xícara ou 100g de cranberries frescos, diariamente.
A outra metade consumiu um placebo. Esse estudo é o primeiro a examinar o impacto a longo prazo na cognição e na saúde do cérebro em humanos a partir do consumo de cranberries e seu impacto.
BENEFÍCIOS
Os resultados mostraram que o consumo de cranberries melhorou significativamente a memória dos participantes para situações cotidianas (memória visual episódica), funcionamento neural e entrega de sangue ao cérebro (perfusão cerebral).
Os participantes que consumiram o pó de cranberry apresentaram um desempenho de memória episódica potencializado, ao mesmo tempo em que obtiveram uma melhor circulação de nutrientes essenciais, como oxigênio e glicose, em áreas importantes do cérebro que trabalham com a cognição – especificamente a consolidação e recuperação de memórias.
O grupo que consumiu o cranberry também exibiu uma diminuição significativa dos níveis de LDL ou colesterol ‘ruim’, conhecido por contribuir para a aterosclerose – o espessamento ou endurecimento das artérias causado por acúmulo de placa no revestimento interno de uma artéria. Assim a pesquisa aponta que os cranberries podem melhorar a saúde vascular e podem, em parte, contribuir para a melhoria da perfusão cerebral e da cognição.
“Demonstrar em humanos que a suplementação de cranberry pode melhorar o desempenho cognitivo e identificar alguns dos mecanismos responsáveis é um passo importante para este campo de pesquisa.
As descobertas deste estudo são muito encorajadoras, especialmente considerando que uma intervenção de cranberry relativamente curta de 12 semanas conseguiu produzir melhorias significativas na memória e na função neural. Isso estabelece uma base importante para pesquisas futuras na área de cranberries e saúde neurológica”, acrescentou o pesquisador-chefe, Dr. David Vauzour, da Norwich Medical School da UEA.
O estudo foi apoiado por uma bolsa do The Cranberry Institute e liderado pela Universidade de East Anglia em colaboração com pesquisadores do Centro Médico da Universidade de Leiden (Holanda), da Universidade de Parma (Itália) e do Instituto Quadram (Reino Unido).
Origem da Fruta
O cranberry é um arbusto pequeno originário da América do Norte, bastante popular nos EUA, Canadá e Chile. Ele era utilizado por tribos indígenas como alimento, em cerimônias e também como medicamento.
A planta dá origem a um fruto vermelho, pequeno, redondo e bastante ácido – atualmente usado para consumo direto ou na culinária. Seu nome em português é oxicoco, mas quase ninguém conhece a cranberry pelo nome brasileiro.
Embora a fruta seja incomum por aqui, o suco de cranberry é bastante popular, em especial entre as pessoas que buscam emagrecimento saudável.
Confira o Estudo: http://dx.doi.org/10.3389/fnut.2022.849902