A fisioterapia trabalha em muitas áreas e sua principal função é reabilitar as funções motoras do paciente. Uma pessoa geralmente procura esse profissional pela necessidade de voltar a ser como era antes de uma lesão ou apenas se livrar de dores e ter mais qualidade de vida.
Independente da área ao qual seja sua atuação, o fisioterapeuta precisa realizar uma avaliação motora para basear o seu tratamento e traçar os melhores métodos a fim de que o paciente alcance sua cura o mais rápido possível.
Mesmo que a pessoa seja encaminhada pelo médico e esse já tenha traçado a situação ao qual precisa ser tratada, é a fisioterapia que descobrirá como a doença tem afetado o cotidiano do indivíduo, quais suas limitações e queixas e assim, traçar um plano para o tratamento, além de desenvolvê-lo.
Da mesma forma, existem alterações posturais que são comuns e que também podem ser tratadas por esse profissional. Assim, neste artigo, falaremos sobre a avaliação motora e as alterações posturais mais comuns que acometem as pessoas nas mais diferentes idades. Continue lendo!
Avaliação motora na fisioterapia
A avaliação motora é desenvolvida como base para todo o planejamento de tratamento dentro da fisioterapia. É um conjunto de quesitos que o profissional deve avaliar para descobrir como deve agir e quais os objetivos que ele deve alcançar.
Por esse conjunto de perguntas e testes, o profissional de fisioterapia poderá avaliar se o seu paciente possui alguma deficiência como força, resistência e equilíbrio, por exemplo. E dessa maneira, conseguirá orientar a pessoa tanto quanto ajudá-la a conquistar aquilo que a doença acabou afetando.
O que deve constar na avaliação motora da fisioterapia?
Apesar do paciente já chegar com o laudo médico, isso não significa que seu tratamento será igual a um outro que possui o mesmo laudo. Devido a alterações diferentes e vidas completamente diferentes, é necessário que a avaliação seja minuciosamente feita.
Isso pode levar um tempo diversificado, dependendo do grau de limitação do paciente e de como o profissional de fisioterapia conduz a entrevista de avaliação. É preciso que se conheça a história da pessoa para se entender muitas questões que podem estar piorando seu quadro clínico, além de precisar realizar testes específicos.
Através dos testes que se saberá o grau de acometimento, até onde o paciente consegue chegar sem ajuda e quais musculaturas trabalhar para promover o retorno das atividades funcionais.
Muitas vezes, a pessoa só deseja que a dor desapareça, mas não sabe que, para chegar a esse estado, ela precisa ganhar força muscular e resistência, por exemplo. Ou que para conseguir andar corretamente de novo, existe um longo caminho a ser percorrido e que requer paciência e muito esforço.
Etapas da avaliação motora na fisioterapia
Para se fazer a avaliação motora, passa-se por duas etapas:
Exame subjetivo
Nesta primeira fase, o profissional de fisioterapia faz uma entrevista com o paciente, procurando saber sobretudo de sua vida que tem a ver com o quadro clínico ao qual ele se encontra. é importante coletar o máximo de informações que possam ajudar durante o tratamento.
Através dessa entrevista, o fisioterapeuta precisa saber a origem do problema e tudo que foi feito antes de chegar até ele.
Conversando com o paciente também poderá ser identificado o que causa mais dor, o que supostamente alivia, como ele se sente após um dia de trabalho e o que ele não consegue mais fazer devido ao seu quadro.
O profissional de fisioterapia também precisa estar atento às medicações tomadas e os medos relatados pela pessoa, assim, poderá ganhar sua confiança para ser correspondido durante o tratamento.
É importante saber se o paciente teve traumas anteriores no mesmo local do atual problema e também é neste momento que o fisioterapeuta vê todos os exames complementares que devem ser trazidos pelo paciente.
Exame objetivo na fisioterapia
O exame objetivo é onde o profissional irá aplicar testes nas áreas que ele considere necessárias a fim de testar e se certificar do quadro do paciente. É através desses testes que o grau da lesão poderá ser definido.
A palpação também pode ser necessária, assim poderá ser descoberto o nível de dor e como estão os tecidos diante daquele quadro.
Pode-se pedir para o paciente realizar os movimentos que ele diz ter dificuldade, assim, podendo constatar o grau que seu movimento consegue ir ativamente e também passivamente.
Sendo assim, é no exame objetivo que o profissional de fisioterapia irá constatar tudo que o exame diz e até um pouco mais. Por isso se torna tão importante a avaliação antes de qualquer conduta, afinal, o tratamento deve ser individualizado e precisa atender as necessidades particulares de cada paciente.
Motricidade Humana
Francisco Rosa Neto em seu livro “Manual de avaliação motora”, explica como a motricidade começa a partir do ventre, e é um processo que precisa ser maturado:
“Desde o momento da concepção, o organismo humano tem uma lógica biológica, uma organização, um calendário maturativo e evolutivo, uma porta aberta à interação e à estimulação. Entre o nascimento e a idade adulta se produzem, no organismo humano, profundas modificações. As possibilidades motoras da criança evoluem amplamente de acordo com sua idade e chegam a ser cada vez mais variadas, completas e complexas”.
Sendo assim, a criança aprende o que deve aprender para conseguir se ambientar ao mundo, a motricidade nada mais é do que o corpo se adaptando ao ambiente para que o indivíduo consiga independência nele:
“A integração sucessiva da motricidade implica a constante e permanente maturação orgânica. […] O movimento e o seu fim são uma unidade e, desde a motricidade fetal até a maturidade plena, passando pelo movimento do parto e pelas sucessivas evoluções, o movimento se projeta sempre frente à satisfação de uma necessidade relacional”.
Dessa forma, existem elementos básicos que podemos relacionar a motricidade e que são, na verdade, diferentes formas de motricidade, E, são esses elementos que se avalia para chegar a conclusão da necessidade do paciente.
Elementos básicos da motricidade
Podemos distinguir os elementos da motricidade da seguinte forma:
- Motricidade fina: Chamamos de motricidade fina a atividade manual, a capacidade que a pessoa tem de observar o objeto, chegar até ele e o manipular para atingir determinado objetivo. Desenhar, comer, pintar e recortar são alguns exemplos.
- Motricidade global: Esse tipo de motricidade está ligado a capacidade de se movimentar com todo corpo, não somente as mãos.
- Equilíbrio: Através do equilíbrio se concentra todas as bases de movimento. Ele é responsável pela postura e pelas atividades feitas de modo ordenado pelos músculos.
- Esquema corporal: É a consciência do próprio corpo, pode ser um tipo de equilíbrio, mas a pessoa acaba tendo consciência de si mesma. O primeiro esquema corporal vem com a criança percebendo a dor, manipulando os pés e levando as mãos à boca.
- Organização espacial: Esse conceito vale tanto para a noção do próprio corpo no ambiente que está inserido como para a noção da infinidade do espaço.
- Organização temporal: Divide-se em duração e ordem. É o senso de que o tempo passa e as coisas vão acontecendo.
- Lateralidade: O senso de que fazemos as coisas com uma das mãos apenas, como escrever, por exemplo. Saber distinguir as posições das coisas e como usá-las.
- A linguagem: é uma atividade aprendida em etapas com a criança falando apenas palavras e depois aprendendo a organizá-las de forma correta.
Alterações posturais comuns
Dizemos que o corpo está em uma postura correta quando está devidamente alinhado em suas articulações e o centro da gravidade encontra-se alinhando tudo isso. Portanto, as alterações posturais acontecem quando as curvas normais ficam acentuadas ou acaba-se gerando outros tipos de curvas na coluna vertebral que não deveriam estar ali.
Essas curvas que “aparecem” são as compensações feitas pelo próprio corpo a fim de tentar alinhar o corpo novamente.
Assim, temos como causas principais das alterações posturais os maus hábitos adquiridos com o tempo ou o encurtamento dos tecidos moles do corpo.
Principais problemas posturais
Dor na região lombar
Ela é muito comum entre os brasileiros e é uma das causas de afastamento do trabalho em muitos casos. Apesar de ser comum, não é algo trivial. As dores na coluna, principalmente na parte lombar, podem ser um sinal de alerta que a postura está totalmente errada e pode ser indicativo de problemas mais sérios na região.
Dores de cabeça
Sabemos que nem toda dor de cabeça tem origem na coluna. Entretanto, a dor de cabeça tensional, ocorre na região cervical, devido ao tensionamento da musculatura e que acaba afetando a cabeça.
Ela é um indicador de uma postura errada que pode ser causada por inúmeros fatores. Podemos citar travesseiros altos, computador na linha errada da visão, entre outras causas.
Escoliose
A escoliose acontece quando o corpo tenta compensar a má postura. Ela pode ser um desvio da coluna em C ou em S. Além de causar dores, em casos muitos graves, percebe-se o desvio apenas ao observar. Um ombro mais alto que o outro, ou até mesmo, uma perna mais curta, podem ser indicativos desse desvio.
Seu tratamento é com exercícios fisioterápicos ou em casos mais graves, cirurgia.
Hiperlordose lombar
Esse problema postural é comum em grávidas e se torna transitório nesse caso. A barriga fica saltada e os glúteos ficam empinados para trás, causando um enorme buraco na região lombar.
Esse mecanismo é compensatório e pode não ser tão transitório como em alguns casos. Em caso de muitas dores, visite o médico.
Hipercifose
A hipercifose acontece na parte torácica da coluna, fazendo a pessoa se curvar e aproximar os ombros. É uma condição muito comum em idosos, mas a osteoporose acaba complicando ainda mais esse problema.
Tratamento e prevenção
Em síntese, o tratamento das alterações posturais é feito através de exercícios e alongamentos que visam o retorno do equilíbrio corporal. Além disso, um grande trabalho relacionado a postura deve ser feito.
O pilates e RPG são formas de tratar como também prevenir os problemas posturais. A sua base na postura correta durante toda a sua prática é o diferencial.
A prevenção, além de atividades físicas corretas e posicionamento adequado, pode se basear em alongamentos e o cuidado em não permanecer na mesma posição por longos períodos. Assim, nos casos mais graves, deve-se procurar um médico e fazer fisioterapia. Cirurgias são apenas indicadas em casos severos e irreversíveis.