Fisioterapia motora para escoliose

A fisioterapia para escoliose é um assunto muito comum, visto que a doença afeta milhões de pessoas pelo mundo. Tem-se muitas dúvidas se a forma de cuidar desse desvio na coluna tem grandes resultados com o tratamento conservador^[1]Aebi M. The adult scoliosis. European spine journal. 2005 Dec;14(10):925-48..

Em muitos casos e na maioria deles, o tratamento se baseia na fisioterapia e Reeducação Postural Global (RPG). Nos problemas mais sérios e em que esse tipo de cuidado não obtém resultados, optou-se pela cirurgia.

Entretanto, a escoliose é uma doença que pode ser tratada no início e que também contém meios de prevenção. Diante disso, trouxemos algumas informações importantes para que você entenda a doença e como a fisioterapia para escoliose é vital no tratamento^[2]Trobisch P, Suess O, Schwab F. Idiopathic scoliosis. Deutsches Ärzteblatt International. 2010 Dec;107(49):875..

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Afinal, o que é escoliose?

Podemos caracterizar a escoliose como um desvio da coluna vertebral para longe de sua linha mediana. Esse desvio não é fisiológico e a partir dele, teremos uma rotação simultânea. Afinal, as vértebras são alinhadas e as bordas vertebrais possuem conexão com as posteriores^[3]Roaf R. The basic anatomy of scoliosis. The Journal of Bone and Joint Surgery. British volume. 1966 Nov;48(4):786-92.. 

Por isso, toda a coluna sofre uma torção. Podendo ficar com a aparência de “C” (só uma curva) ou “S” (mais de uma curva). Consideramos uma curvatura patológica quando ela possui mais de 10º. 

Com uma incidência maior em crianças e adolescentes, pode estar ligada com a fase de crescimento, além da má postura, hereditariedade e práticas esportivas inadequadas^[4]Rogala EJ, Drummond DS, Gurr JE. Scoliosis: incidence and natural history. A prospective epidemiological study. The Journal of bone and joint surgery. American volume. 1978 Mar 1;60(2):173-6.. 

A sua localização pode ser variada, estando na cervical (incomum), torácica, lombar, ou tóraco-lombar. Assim, quanto à nomenclatura, daremos seu nome a partir do local onde se encontra e para onde sua convexidade está direcionada. 

Por exemplo, se ela se localiza na parte torácica e a vértebra está rodada para a direita, diremos que é uma escoliose torácica direita.

Sempre nos baseamos na concavidade e convexidade da vértebra para definir a situação muscular daquela região. Portanto, o lado para o qual o côncavo se dirige, irá possuir músculos encurtados, e para onde a convexidade aponta, estarão muito alongados (em um sentido ruim).

Assim, chamamos de lordose o lado convexo e cifose o lado côncavo. 

Tipos de escoliose

Assim, a escoliose pode ser estrutural ou funcional.

Classificamos como estrutural aquele decorrente do nascimento, onde existe uma má formação da coluna vertebral. Portanto, a escoliose decorrente de uma doença neurológica também entra nessa classificação. 

Nela, ocorre uma ativação nervosa ou muscular anormal proveniente de alguma doença neurológica. 

Pessoas com paralisia cerebral, distrofia muscular, espinha bífida, por exemplo, possuem uma fraqueza muscular generalizada, não conseguindo estruturar a coluna e geralmente possuindo uma escoliose em “C”.

A escoliose funcional é decorrente de causas mais amenas e podem ser tratadas. Dessa forma, os desajustes, na maioria das vezes, são musculares e como dito, possuem cura.

Dentro das funcionais, possuímos as causas idiopáticas, ou seja, aquelas que não têm um motivo definido. Essas são a maioria dos casos. 

Alguns estudos apontam para fatores genéticos e que aparecem durante o salto no desenvolvimento que ocorre na adolescência.

Entretanto, existem alguns fatores de risco que podem ser destacados.

Fatores de risco

Por mais que a causa idiopática seja a que mais explica o aparecimento da escoliose, existem algumas práticas que podem ajudar em seu aparecimento, independente da idade. São eles:

• Alterações ósseas;
• Postura inadequada;
• Obesidade;
• Tumores;
• Atividade física errada;
• Sedentarismo;
• Tabagismo.

Sintomas

Os sintomas são em sua maioria visíveis devido à torção vertebral. Portanto, temos como queixas principais:

• Coluna vertebral encurvada para um dos lados;
• Aumento das costelas de um dos lados (gibosidade costal);
• Desconforto muscular;
• Dor;
• Mamilos desnivelados;
• Encurtamento de um dos membros inferiores;
• Um dos ombros mais alto em relação ao outro.

Diagnóstico para escoliose

Em um primeiro momento, o médico ao suspeitar da escoliose, fará exames clínicos e observações do paciente na lateral, de frente e de costas. Como citado, a doença possui muitos sinais visíveis e são eles que acendem o alerta. 

O teste de Adams é realizado em crianças e adolescentes. Dessa forma, consiste em um movimento simples: o paciente se curva para frente com os joelhos retos e pés juntos. O avaliador estará atrás e deve notar se há um desnivelamento da coluna. 

Caso exista, a escoliose é confirmada com um exame de radiografia. Assim, é possível saber o nível de rotação das vértebras, os espaços entre elas e até onde a doença evoluiu.

Com o diagnóstico em mãos e sabendo em que estágio a doença está, pode-se partir para o tratamento convencional. 

Tratamento

Em suma, o tratamento convencional é o primeiro passo e se baseia em fisioterapia para escoliose, reeducação postural global e, em muitos casos, pilates. 

Se o paciente estiver com dor, o médico irá receitar analgésicos e/ou anti-inflamatórios, dependendo da situação ao qual se encontra.

A cirurgia só será cogitada caso a extensão dos sintomas esteja além do esperado. Se o tratamento convencional não resolver, as dores piorarem e o desvio prejudicar outros órgãos como o pulmão, então será pensado em uma intervenção cirúrgica. 

Fisioterapia para escoliose

De acordo com um estudo¹, a fisioterapia feita com regularidade e da forma correta, é capaz de diminuir a curva cifótica através do alívio da dor e fortalecimento muscular das regiões afetadas.

Pacientes com idade até 15 anos possuem uma grande melhora devido a flexibilidade vertebral. Portanto, quanto mais cedo for tratada, a escoliose pode ser curada. 

O tratamento baseado na fisioterapia para escoliose tem como ações principais o alívio da dor (caso ela exista) com aparelhos e imposição de calor, alongamento global, sempre se atentando para o lado da concavidade, onde teremos músculos mais encurtados. 

Além disso, o fortalecimento muscular da região abdominal e costal é de extrema importância para que os bons resultados possam ser alcançados. 

A Reeducação Postural Global (RPG) é indicada para pessoas que possuem um ângulo menor de 40º. Esse método irá se basear no equilíbrio postural a fim de devolver ao indivíduo o seu senso corporal e uma postura correta.

Temos o pilates como uma boa alternativa para que a consciência postural também seja alcançada. Além de alongamentos que afetam todo o corpo, exercícios de resistência trarão um melhor desempenho para a musculatura. 

Fisioterapia para escoliose: exercícios

Dessa forma, existem exercícios que podem ajudar no tratamento da escoliose e são muito simples de se realizar. 

Alongamento 

Alongamentos sempre são ótimos para auxiliar nos tratamentos corporais. Além disso, eles ajudam a manter o equilíbrio corporal antes mesmo de qualquer doença muscular aparecer. 

Você pode reproduzir esses exercícios em casa sempre que achar necessário:

Alongamento para o teto

Esse nome vai ser de fácil memorização. É um movimento que podemos fazer assim que acordamos e que já nos deixa bem mais dispostos para um novo dia.

Sente na cama, cruze as mãos e as leve para o teto, sentindo todo o seu tronco esticar. Conte até 20 e solte os braços devagar. 

Alongamento de coluna e isquiotibiais

Além de alongar a parte posterior das pernas, você estará alongando toda a coluna. Pode ser feito de pé também.

Sente na cama e estique as pernas. leve as mão até os pés, tentando alcançá-los. Conte até 20 e retorne para a posição ereta devagar. 

Alongamento lateral

Esse alongamento é responsável em puxar os músculos laterais que possivelmente estão encurtados. 

Sente no chão e cruze as pernas uma sobre a outra. Junte as mãos e as leve para o teto. Em seguida, incline o máximo que conseguir para um dos lados e conte até 20. Retorne para o centro e faça do outro lado.

Alongamento para frente

Um dos mais relaxantes, é aconselhável é fazer no chão ou sobre um colchonete. 

Ajoelhe-se no chão e estique os braços para frente. leve as mãos para frente e encoste no chão. As nádegas não podem se soltar dos pés. Vá somente até onde conseguir. 

Exercício com bola

Parecido com o alongamento para frente, o uso da bola pode auxiliar, além de entregar mais mobilidade na hora de fazer o exercício.

Sente no chão ou colchonete, colocando a bola em frente ao corpo e na superfície. Em seguida, empurre a bola para frente e vá se inclinando até encontrar o máximo. Retorne devagar e repita os movimentos por 20 vezes. 

Prancha 

Talvez você já tenha feito o exercício de prancha na academia. Ele é muito bom para fortalecer a musculatura do tronco e tem vários níveis de dificuldade.

De bruços no chão ou colchonete, apoie os cotovelos e ponta dos pés, erguendo o quadril. Conte até 10 e retorne. Pode parecer simples, mas é potente. 

Apoio contralateral

Esse é um exercício de equilíbrio e resistência.

No chão ou colchonete, fique apoiado nas mãos e joelhos. Chamamos essa posição de “gato”. Em seguida, retire o apoio de uma das mãos, juntamente com a perna do outro lado. Você tem que se equilibrar, contando até 10 e retornando para fazer do outro lado.

Prevenção da escoliose

A prevenção da escoliose existe, principalmente em crianças e adolescentes. Como citamos, a postura é um grande fator de risco que pode levar a problemas sérios de coluna posteriormente. 

Dessa forma, sempre alongue quando acordar, antes e depois de exercícios físicos, e até no momento das faxinas. 

Evite mochilas e bolsas muito pesadas. Apesar de não haver nenhuma comprovação científica que isso pode causar escoliose, pode trazer dores e desconfortos.

Conclusão

A fisioterapia para escoliose é a melhor solução para um tratamento eficaz. Apesar de não ser uma doença com sintomas sérios, pode ser limitante dependendo do grau de curvatura. O tratamento deve ser feito com regularidade, mesmo que não esteja sentindo mais dor. 

O fortalecimento da musculatura do tronco irá evitar que as vértebras sofram maiores desvios. 

Com a causa idiopática acontecendo na maioria dos casos, a prevenção fica em torno de alongamentos, exercícios físicos, cuidados posturais e a busca por tratamento assim que os primeiros sintomas forem observados. 

Cuide da sua saúde, sempre lembrando que ela é o seu bem mais precioso. 

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