Você costuma sentir dor de cabeça com frequência?
A queixa de dor de cabeça é comum entre a população. Sua ocorrência é manifestada com características potencialmente limitantes, pois exerce influências negativas no bem-estar e na qualidade de vida, muitas vezes, trazendo prejuízos econômicos e sociais, pois limita as pessoas de realizarem suas atividades diárias e pode até provocar aquela “falta” no trabalho, se a dor for muito intensa.
Geram sofrimento físico, além de estar relacionada a dificuldades de aprendizado e ao fracasso educacional.
A dor de cabeça, também chamada de cefaleia, é um sintoma que deve ser considerado como sinal de alerta, já que sua ocorrência pode estar associada a problemas de maior gravidade. Pode ser contínua ou acontecer em episódios, envolvendo ou não estruturas orgânicas na etiologia da dor.
Tipos de Cefaleia – Primárias e Secundárias
Existem dois tipos de cefaleias: primárias e secundárias. As primárias são as mais comuns, principalmente a cefaleia tensional. Essas envolvem as dores de cabeça sem substrato orgânico.
Já as cefaleias secundárias estão diretamente ligadas com doenças primárias de variadas etiologias, como doenças inflamatórias, infecciosas, traumáticas, metabólicas e tumorais.
De acordo com The International Headache Classification (ICHD-2), as cefaleias secundárias apresentam algumas categorias de classificação, e uma delas é a cefaleia ou dor facial associada à transtornos nos olhos, ouvidos, nariz, seios da face e outras estruturas faciais.
Sinusite e dor de cabeça
Uma doença infecciosa inflamatória das vias aéreas superiores bastante frequente é a sinusopatia, ou sinusite, também conhecida como rinossinusite.
A sinusite refere-se a um processo infeccioso da mucosa rinossinusal, acometendo os seios nasais e paranasais, que ficam inflamados, levando à formação de secreções que obstruem a mucosa nasal e cavidades ósseas da face.
A sinusite pode ser causada por bactérias, vírus e fungos, existindo vários fatores de risco, como exposição ambiental, fatores anatômicos, alergias, tabagismo, ansiedade, depressão, resistência a antimicrobianos e doenças crônicas concomitantes como asma, bronquite, diabetes e câncer.
Sintomas de Sinusite Crônica
Sintoma | Descrição |
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Congestão nasal | Sensação de nariz entupido |
Dor facial e pressão | Dor ou pressão ao redor dos olhos, bochechas e testa |
Descarga nasal espessa e descolorida | Muco amarelado ou esverdeado drenando do nariz |
Perda de olfato | Diminuição ou perda total do olfato |
Tosse | Tosse frequente ou tosse com muco verde ou amarelo |
Sinusite aguda x crônica
Dependendo do tempo de duração, a sinusite pode ser aguda ou crônica. A sinusite aguda é o processo inflamatório que dura até 12 semanas, geralmente bem menos, no máximo 4 semanas.
Já a crônica, é a persistência da sinusite aguda, onde os sintomas ultrapassam a duração de 12 semanas. Os sintomas da sinusite aguda e crônica são os mesmos, o que muda é apenas a duração e intensidade.
Se você está se perguntando se a sinusite crônica está causando as suas dores de cabeça, talvez você esteja certo.
Geralmente, na maioria dos casos, essa condição crônica pode ser a causa das dores de cabeça, embora nem todo incomodo na cabeça está ligado com sinusite.
Dor de cabeça com sinusite crônica
A dor de cabeça causada por sinusite crônica, denominada cefaleia sinusal, é diferente de uma dor de cabeça primária.
Quando estão relacionadas, a pessoa sente dores frequentes, geralmente na região da testa, como se houvesse uma pressão no local. Como os sintomas são nasais, quando o nariz está muito entupido e ocorre secreção intensa, a dor de cabeça costuma surgir e até mesmo piorar a condição da sinusite.
A dor de cabeça da sinusite geralmente é pulsátil, piorando ainda mais quando a pessoa abaixa ou mexe a cabeça de um lado para o outro. É comum confundi-la com dor de ouvido, dor de dente ou enxaqueca.
Estudos: Sinusite e Cefaleia
Um estudo realizado por Pedro Escada e colaboradores para a Revista Portuguesa de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cervico-facial, avaliou dois casos clínicos de cefaleia.
O primeiro caso foi de um paciente de 13 anos, com suspeita de sinusite. A queixa principal era fortes dores de cabeça, persistentes e incomodativas. Segundo o paciente, as cefaleias eram muito intensas, com pulsatilidade, acompanhadas de náuseas, fonofobia e fotofobia.
Ele negava obstrução nasal, mas confirmava ter uma certa congestão nasal quando as dores de cabeça eram muito intensas.
O segundo caso clínico foi de uma paciente de 35 anos, com queixas de cefaleias intensas. A paciente afirmou que, em anos anteriores, sofria de sinusite. As cefaleias tinham um início rápido, acompanhadas também de náuseas, fotofobia e fonofobia. Havia queixas de obstrução nasal e rinorreia anterior e posterior.
Na investigação das cefaleias suspeitas, por meio de exames complementares, observou-se que o primeiro caso de cefaleia não tinha origem naso-sinusal, mas se tratava de uma cefaleia por ponto de contato. O segundo caso era, na realidade, uma manifestação de enxaqueca.
Embora houvesse a presença de patologia inflamatória naso-sinusal na imagem da tomografia computadorizada, isso teria levado a um diagnóstico errado, se não tivesse sido valorizado os elementos anamnésticos relacionados à caracterização da dor e positividade da prova terapêutica com um triptano.
Os resultados deste estudo evidenciam que outros tipos de cefaleias podem ser facilmente confundidos com sinusite, mas a maior parte dessas dores de cabeça nem são causadas por sinusite.
Por esse motivo, a atuação do otorrinolaringologista tem fortes influências para o diagnóstico correto de uma cefaleia sinusal.
Como tratar e melhorar a dor de cabeça da sinusite?
Algumas medidas podem ser tomadas para aliviar as dores de cabeça causadas por sinusite crônica. Dentre as medidas medicamentosas, estão os analgésicos, corticoides, descongestionantes e sprays nasais que diminuem a inflamação.
Aliviando a sinusite, consequentemente, a dor de cabeça também cessará. Então como formas não-medicamentosas de aliviar a sinusite, a umidificação do ar é uma dica importante e que tem um excelente efeito para aliviar o desconforto.
Realize nebulização com soro fisiológico. Hidrate-se bastante, pois umidificar os seios nasais também auxilia em casos de sinusite, mantendo os tecidos do corpo hidratados, incluindo a mucosa nasal.
Tratamento | Explicação |
---|---|
Tome um analgésico ou anti-inflamatório | Esses medicamentos, como ibuprofeno ou paracetamol, podem ajudar a reduzir a dor de cabeça. |
Use uma compressa quente ou fria | Aplicar uma compressa quente na testa e nos olhos ou uma compressa fria na nuca pode proporcionar algum alívio. |
Beba muitos líquidos | Isso pode ajudar a diluir o muco e reduzir o congestionamento. |
Tome um descongestionante | Isso pode ajudar a reduzir a inflamação e abrir as vias aéreas. |
Use um umidificador | Isso pode ajudar a aumentar a umidade do ar e reduzir o congestionamento. |
Pratique técnicas de relaxamento | Técnicas de relaxamento, como respiração profunda, podem ajudar a reduzir o estresse e a tensão. |
Alimente-se com refeições mornas, pois alimentos mornos ajudam a desobstruir o nariz e reduzir a dor e irritação que causa a sinusite crônica, assim como a cefaleia.
Vou precisar de antibióticos?
Os antibióticos não são necessários para muitas infecções sinusais. A maioria das infecções sinusais geralmente melhora sozinha sem antibióticos.
Quando os antibióticos não são necessários, eles não o ajudarão e seus efeitos colaterais ainda podem causar danos. Os efeitos colaterais podem variar de reações leves, como erupções cutâneas, a problemas de saúde mais graves.
Caso a dor persista, procure um médico clínico geral ou otorrinolaringologista.
Referências
ANSELMO-LIMA, W. T. et al. Rinossinusites: evidências e experiências. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology, v. 81, n. 1, p. 1-49. 2015.
ESCADA, P. et al. Diagnóstico diferencial da “cefaleia sinusal”: o papel do otorrinolaringologista. Revista Portuguesa de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cervico-facial, v. 46, n. 4, 2008.
FREITAS, F. L.; FREITAS, T. G. Eventos agudos na atenção básica – Cefaleia. Florianópolis: UNASUS, 2013.