Hoje vamos abordar um tema bastante procurado: os sintomas e sinais relacionados ao desconforto no estômago. É comum que pacientes apresentem sintomas semelhantes, mas nem sempre eles estão relacionados ao estômago. Por exemplo, a presença de pedra na vesícula pode causar sintomas como náuseas, dores e cólicas na região superior do abdômen. No entanto, esses sintomas só ocorrem em cerca de 20% dos casos.
Distensão intestinal
Outro fator que pode causar desconforto na região superior do abdômen é a distensão do intestino grosso, que pode levar a cólicas e gases. Esses sintomas podem ser agudos e recorrentes. Para aliviar o desconforto, muitas vezes o paciente precisa parar, respirar fundo e ficar um pouco quieto até que o desconforto passe.
É importante destacar que nem tudo que causa dor na parte superior da barriga está relacionado ao estômago. Muitas vezes, o paciente não consegue identificar a causa exata do desconforto e pode supor que esteja relacionado ao estômago. Portanto, a busca por sinais e sintomas relacionados à dor de estômago pode ser um equívoco.
Estresse
Uma das causas mais comuns do desconforto no estômago é o estresse. A sociedade atual está cada vez mais estressada, trabalhando mais e dormindo menos. Felizmente, o número de fumantes tem diminuído, pois o cigarro é uma das principais causas de problemas no esôfago, estômago e intestino delgado.
Gastrite e Dispepsia
O estresse, a falta de sono, a pressão no trabalho, questões psicológicas, tristeza, crises de ansiedade e até mesmo a depressão podem alterar o fluxo sanguíneo no estômago, causando uma condição chamada gastrite. Além disso, o estresse libera adrenalina no sangue, afetando os mecanismos de defesa do estômago contra o ácido gástrico.
Essa condição é chamada de dispepsia, que é um conjunto de sinais e sintomas relacionados a alterações no esôfago, estômago e duodeno. Geralmente, ela ocorre devido a um desequilíbrio entre os fatores que agridem o estômago, como estresse e cigarro, e a capacidade de o organismo resistir ao próprio ácido gástrico.
O ácido gástrico desempenha um papel importante na digestão dos alimentos e na esterilização de possíveis patógenos. Manter o ambiente ácido no estômago é essencial para o organismo. Porém, a produção excessiva de ácido, alimentos irritantes e a redução das defesas do estômago podem aumentar o risco de desenvolver gastrite, esofagite e úlceras no trato gastrointestinal.
Os principais sintomas relacionados à dispepsia são dor na parte superior do abdômen, sensação de aperto, queimação, enjoos e vômitos. É importante ressaltar que esses sintomas não estão necessariamente relacionados ao refluxo gastroesofágico, que é quando o conteúdo do estômago retorna para o esôfago.
Dor no estômago – pode ser algo mais grave?
É comum que pacientes com dor no estômago fiquem preocupados se os sintomas podem indicar uma doença mais grave, como o câncer de estômago. No entanto, é importante destacar que o câncer de estômago está se tornando cada vez menos frequente, principalmente devido a melhores hábitos de higiene na preparação e armazenamento dos alimentos.
Além disso, evitar o consumo de tabaco, álcool e alimentos que aumentam o risco de câncer, como embutidos e alimentos defumados, também reduz o risco dessa doença. O excesso de alimentos industrializados e o hábito de consumir alimentos extremamente quentes, como no caso do chimarrão no sul do país, também devem ser evitados.
Importância da alimentação
Existem algumas medidas que podem ser adotadas para melhorar os quadros de desconforto estomacal e prevenir o surgimento de novos sintomas. É importante estabelecer uma alimentação frequente e evitar o consumo de balas e chicletes, pois esses hábitos estimulam o estômago a produzir ácido, mesmo sem a presença de alimentos.
O cigarro, o excesso de álcool, alimentos gordurosos, alimentos cítricos, como limão e laranja, além do consumo excessivo de fibras e alimentos integrais, devem ser evitados. Alimentos como queijos gordurosos, leite integral e leite semidesnatado também podem impactar negativamente a saúde gástrica.
É importante ressaltar que a sensação de empachamento após as refeições também está relacionada à gastrite. Além disso, a percepção do desconforto pode ser influenciada por fatores como o consumo de alimentos gordurosos, o excesso de fibras e alimentos integrais.
Caso você apresente sintomas persistentes, seja maior de 55 anos, tenha perda de peso, histórico familiar de câncer gástrico ou sintomas graves, é recomendado que você consulte um médico. Na maioria dos casos, o desconforto estomacal trata-se apenas de uma dispepsia, mas é sempre importante buscar uma avaliação profissional para descartar problemas mais graves.
Outras causas de dores abdominais
Vesícula Biliar
A vesícula biliar é um órgão que desempenha um papel importante no processo de digestão. Ela está localizada na parte superior direita do abdômen e armazena a bile, uma substância produzida pelo fígado.
A bile é responsável por emulsificar as gorduras e permitir sua absorção pelo intestino delgado. Quando comemos uma refeição rica em gordura, a vesícula biliar é estimulada a liberar a bile no intestino delgado para auxiliar na digestão. No entanto, a bile pode cristalizar e formar pedras na vesícula biliar, o que pode causar dor intensa, náuseas e outros sintomas.
Apêndice – Apendicite
Passando para o segundo diagnóstico, o apêndice, muitas pessoas acreditam que ele não tem função e pode ser removido sem problemas. Poderia nos falar um pouco mais sobre a função do apêndice e como a apendicite pode se desenvolver?
O apêndice é outro órgão intrigante. Embora ainda não saibamos exatamente qual é a sua função, acredita-se que ele esteja relacionado ao sistema imunológico. O apêndice tem cerca do tamanho de um dedo mindinho e é um pequeno órgão oco localizado no intestino grosso.
Quando algo bloqueia o apêndice, como fezes ou inflamação, isso leva ao acúmulo de bactérias e inchaço. Essa condição é conhecida como apendicite e pode causar dor abdominal intensa, especialmente no lado inferior direito do abdômen. Se a apendicite não for tratada, o apêndice pode romper, o que é uma condição grave e que requer intervenção médica imediata.
Úlceras gástricas
Por fim, vamos falar sobre úlceras. O estresse e a ansiedade são frequentemente relacionados ao desenvolvimento de úlceras. Poderia nos explicar como o estresse pode causar úlceras e quais outros fatores podem contribuir para o seu desenvolvimento?
As úlceras são lesões que se formam no revestimento do estômago ou do intestino delgado. Embora o estresse e a ansiedade possam piorar os sintomas, eles não são as únicas causas das úlceras. Outros fatores, como uso crônico de medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), como ibuprofeno e aspirina, podem aumentar o risco de úlceras.
Além disso, a presença da bactéria Helicobacter pylori também está associada ao desenvolvimento de úlceras. O tratamento para úlceras geralmente envolve medicamentos que reduzem a produção de ácido estomacal e, em alguns casos, a erradicação da bactéria H. pylori.
Desconforto no Estômago – Pode ser Câncer?
O câncer de estômago é uma doença grave e de difícil diagnóstico precoce. Muitas vezes, os sintomas só aparecem quando o tumor já está em estágio avançado. No entanto, é importante saber reconhecer os primeiros sinais e buscar ajuda médica o mais cedo possível.
Cinco sintomas comuns
Existem sintomas mais comuns do câncer de estômago. É importante lembrar que muitos pacientes podem estar assintomáticos, tornando o diagnóstico ainda mais desafiador.
- Dor na região superior do abdômen
A dor ou desconforto na região superior do abdômen é um dos primeiros sintomas. Essa dor pode ser semelhante aos sintomas de outras doenças benignas, como gastrite, mas se persistir, é necessário procurar um médico para avaliação.
- 2. Náusea e Vômitos
Outro sintoma comum é a sensação de náusea e vômito. Pacientes com câncer de estômago podem sentir enjoos após se alimentarem, além de uma sensação de algo fluindo de volta. A sensação de plenitude também é um sintoma frequente. O tumor pode ocupar espaço no estômago, fazendo com que a pessoa se sinta cheia mesmo após ingerir pequenas quantidades de comida. Isso pode levar à perda de peso, que é outro sintoma importante a ser observado.
- 3. Sangramento no Câncer de Estômago
O sangramento é um sintoma grave que pode ocorrer no câncer de estômago. O paciente pode apresentar sangue no vômito ou nas fezes. O sangramento no estômago é digerido e pode deixar as fezes escuras e com um cheiro forte. É fundamental estar atento a qualquer alteração no aspecto das fezes.
Pode ser assintomático
É importante ressaltar que o câncer de estômago pode se desenvolver sem apresentar sintomas. Por isso, é fundamental realizar exames preventivos, principalmente em casos de histórico familiar da doença. Em países como o Japão, onde o rastreamento é frequente, a taxa de cura é muito maior do que no Brasil.
O diagnóstico precoce é essencial para aumentar as chances de cura do câncer de estômago. Muitas vezes, o tumor é descoberto por meio de endoscopia, em que o médico consegue visualizar e realizar biópsias. Também é possível detectar o câncer de estômago por meio de exames de imagem, como tomografia. Quanto mais cedo o câncer for diagnosticado, maiores são as chances de sucesso no tratamento.
Além do diagnóstico precoce, também é importante adotar medidas para prevenir o câncer de estômago. Alguns fatores de risco estão associados a um maior risco de desenvolvimento da doença, como o tabagismo, o consumo excessivo de álcool, a obesidade e uma alimentação rica em alimentos processados e defumados. Evitar esses fatores de risco e adotar uma alimentação saudável, rica em frutas, legumes e alimentos integrais, pode ajudar na prevenção do câncer de estômago.