A pupila, uma estrutura de grande importância em nosso sistema visual, apresenta complexidade em sua constituição. Seu tamanho varia em resposta a três categorias distintas de estímulos:
- Quando tem muita luz, ela se contrai;
- Quando olhamos para perto, ela também fica menor;
- E em resposta ao aumento da atividade cognitiva ou quando estamos super empolgados, ela fica maior, ou seja, ela dilata (é como se a pupila também ficasse animada!)
A pupila, então, se ajusta ao brilho e às coisas próximas, e também muda quando nossa mente está a todo vapor.
A dilatação da pupila pode ser um indicador não apenas do que estamos vendo, mas também do que estamos sentindo e experimentando em um nível fisiológico. Neste texto, vamos conhecer os mistérios da pupila dilatada, desde seu funcionamento biológico até suas implicações psicológicas e médicas.
O Funcionamento da Pupila
A pupila é uma abertura transparente bem no meio do nosso olho. A luz entra pela parte da lente que fica visível através da pupila e é direcionada para a retina, que é a parte de trás do olho.
A pupila geralmente parece preta, mas não é porque ela é uma superfície preta opaca, é porque o interior do olho é escuro. Isso fica mais evidente quando alguém tira uma foto com flash direto no olho, o que faz a pupila parecer vermelha devido ao reflexo.
O tamanho da pupila nas pessoas varia entre cerca de 2 e 8 mm, então ela pode fazer com que entre cerca de 16 vezes mais ou menos luz no olho, dependendo de como ela está. Para controlar o tamanho da pupila, temos duas “vias” no nosso corpo que funcionam juntas, mas são diferentes uma da outra: uma é para fazer a pupila ficar menor (é chamada de via parassimpática de constrição) e outra é para fazer ela aumentar (via simpática de dilatação).
A dilatação da pupila é regulada pelo músculo dilatador da íris. Esse músculo é composto por fibras que se estendem em direção radial, conectando o interior à parte externa da íris. Quando o músculo dilatador se contrai, ele puxa a íris para fora, fazendo a pupila aumentar de tamanho.
O músculo dilatador da íris é controlado pelo sistema nervoso simpático, uma parte do sistema nervoso autônomo associada à excitação, estado de alerta e à reação de “luta ou fuga”. A ligação entre a dilatação da pupila e o sistema nervoso simpático explica por que nossas pupilas tendem a ficar maiores quando estamos excitados.
O caminho neural que leva à dilatação da pupila é menos compreendido do que o que causa a contração, principalmente porque envolve regiões cerebrais como o locus coeruleus (LC) e o hipotálamo, que desempenham vários papéis na cognição.
O benefício de ter uma pupila dilatada é bem evidente: uma pupila maior permite que mais luz entre no olho, o que, por sua vez, aumenta a quantidade de informações visuais transmitidas ao cérebro e, portanto, a sensibilidade visual. Basicamente, uma pupila dilatada, em comparação com uma pupila contraída, permite que percebamos melhor estímulos fracos. Para ilustrar, pense em um gato no escuro caçando ratos. Nesse caso, pupilas maiores serão mais vantajosas, permitindo que o máximo de luz seja captado.
Emoções e Pupilas Dilatadas
As pupilas têm um papel muito importante na forma como nos comunicamos sem usar palavras. Estudos mostraram que as emoções que sentimos podem influenciar o tamanho das nossas pupilas, mostrando assim o que estamos sentindo por dentro.
Por exemplo, quando estamos animados, interessados ou atraídos por algo, nossas pupilas podem ficar maiores. Do mesmo jeito, quando sentimos medo, estresse ou estamos nos esforçando muito mentalmente, as pupilas também podem se dilatar.
Hess e Polt, em um estudo publicado na revista Science, descobriram algo bem interessante sobre a excitação. Eles pediram para um grupo de pessoas olhar para diferentes imagens que variavam em nível de emoção e também em quem estava retratado nas imagens (baseado no que os pesquisadores pensavam sobre o quão excitante cada imagem era).
Os resultados foram bem claros: quando as pessoas viam imagens empolgantes, suas pupilas ficavam maiores, mas isso acontecia apenas quando as imagens realmente as empolgavam.
Por exemplo, as pupilas dos homens ficavam maiores ao verem imagens de mulheres nuas, enquanto as pupilas das mulheres aumentavam mais ao ver imagens de bebês e homens nus. Esse estudo mostrou que o tamanho da pupila é como um reflexo da empolgação que estamos sentindo.
Pupilas como Indicadores Médicos
Os médicos e profissionais da área de saúde também observam o tamanho das pupilas para avaliar a saúde e o funcionamento do sistema nervoso. Mudanças repentinas no tamanho das pupilas podem ser um indício de problemas neurológicos, como traumatismo craniano ou AVC.
Quando as pupilas se dilatam de maneira desigual, chamamos isso de anisocoria, o que pode apontar para lesões cerebrais ou traumatismo craniano. Isso acontece porque a pressão dentro do crânio pode afetar os nervos que controlam as pupilas. Se a pressão intracraniana aumenta, as pupilas podem se dilatar e não reagir à luz, indicando uma situação médica de emergência que requer cuidado imediato.
Variações no tamanho das pupilas podem apontar para uma variedade de condições neurológicas, incluindo acidente vascular cerebral (AVC), enxaqueca ou esclerose múltipla. Se as pupilas não reagem normalmente à luz, isso pode indicar danos no sistema nervoso ou nas vias visuais.
Distúrbios que afetam o sistema nervoso autônomo, como a síndrome de Horner ou a disautonomia, têm o potencial de causar alterações no diâmetro das pupilas.
Além disso, o uso de certos medicamentos, como estimulantes ou narcóticos, tem a capacidade de causar dilatação ou constrição das pupilas, o que pode ser avaliado por um profissional de saúde em um exame clínico.
Beber álcool em um período curto pode resultar em pupilas dilatadas, o mesmo acontece com o consumo de cannabis, cocaína, anfetaminas, metilfenidato usado para tratar o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, e até mesmo alguns descongestionantes nasais, como pseudoefedrina, fenilefrina, prometazina, fenilpropanolamina e oximetazolina.
As pupilas funcionam como janelas para o funcionamento interno do nosso organismo, proporcionando percepções sobre o sistema nervoso, a saúde geral e até mesmo as substâncias que podem estar influenciando nosso corpo. A utilização das pupilas como marcadores médicos está em constante evolução, acompanhando os avanços na área médica, o que resulta em diagnósticos mais precisos, terapias mais eficazes e uma compreensão mais profunda da complexidade intrincada do corpo humano.
Atuando como uma ferramenta preciosa nas mãos dos profissionais de saúde, as pupilas continuam a fornecer informações relevantes que podem salvar vidas e aprimorar a qualidade dos cuidados médicos.