O gasto energético refere-se ao total de calorias que o corpo gasta num intervalo de tempo, transformando os nutrientes em ATP e energia, usada como combustível para as células.
Dessa forma, a determinação do gasto energético leva em consideração fatores como a idade, sexo, peso atual e principalmente, o metabolismo.
Existem vários métodos para determinação do gasto energético. Neste artigo, você vai conhecer melhor cada um deles e entender um pouco mais sobre o assunto.
1- Calorimetria Direta
A calorimetria direta determina o gasto energético por meio do calor produzido através de substratos de energia, através da respiração e pela emissão de vapor.
Em outras palavras, ela mede a transferência de calor de um corpo para o meio ambiente por meio de calorias ou kcal.
Na prática, é um dos métodos de maior precisão, no entanto, também é um dos mais caros. A calorimetria direta estabelece o total de energia que um corpo precisa para manter e preservar suas funções metabólicas e fisiológicas básicas.
O cálculo é feito com a ajuda de uma câmara de alto custo e necessita que o paciente fique em isolamento mínimo de 24 horas.
Por essa razão, a calorimetria direta não pode ser feita em pacientes que estejam respirando com a ajuda de aparelhos.
2- Calorimetria Indireta
A calorimetria indireta mede a quantidade de energia produzida a partir do consumo de oxigênio e produção de gás carbônico.
É um método seguro e não invasivo, sendo realizado com a ajuda de um equipamento portátil.
Dessa forma, o método prevê o gasto energético através da análise do volume de oxigênio consumido e do volume de dióxido de carbono produzido num determinado período.
Em outras palavras, ela divide o consumo de oxigênio pela produção de carbono. O resultado desta equação é o total de energia que o corpo precisa para desempenhar suas funções vitais básicas.
O aparelho usado para calcular o gasto energético por meio da calorimetria indireta é o calorímetro.
Sendo assim, basta que o paciente respire por alguns segundos para que as amostras possam ser recolhidas e o volume de concentração de oxigênio e emissão de gás carbônico seja conhecido.
Além disso, a calorimetria indireta deve ser realizada em repouso absoluto e de preferência enquanto o paciente dorme.
Entretanto, é muito incomum que a técnica seja realizada nessas circunstâncias. Por este motivo, a maioria dos profissionais de saúde baseia-se no gasto energético de repouso.
A calorimetria indireta por gasto energético de repouso é realizada logo após o paciente acordar, antes do desjejum.
3- Estudos Dietéticos
O gasto energético por meio dos estudos dietéticos é uma técnica não invasiva, mas que pode apresentar falhas na execução.
Além disso, considera que o consumo de energia de uma pessoa é proporcional ao total de alimentos que ela consome.
Entretanto, é fato que o excesso de peso ou magreza excessiva interferem no metabolismo basal. Uma pessoa acima do peso tem um gasto energético maior que uma pessoa com peso saudável, devido a presença de reservas de nutrientes.
Os estudos dietéticos fornecem dados baseados e precisam de muita cooperação do paciente para que o cálculo seja o mais realista possível.
Dentre as técnicas mais usadas estão o diário alimentar, a pesagem direta e a coleta de alimentos.
4- Gasto energético por TMB
A taxa metabólica basal ou TMB, é uma equação que determina o gasto energético de uma pessoa através da avaliação direta, sem a ajuda de aparelhos.
Todavia, pode ser calculada de várias maneiras e sob várias fórmulas. Geralmente, as fórmulas precisam de dados básicos como idade, sexo e peso atual, que podem ser recolhidos facilmente.
A fórmula mais usada para o cálculo da taxa metabólica basal é a de Harris-Benedict. Esta equação varia conforme o sexo e a idade:
Harris-Benedict por sexo
- Mulheres: 655 + (9,6 x P) + (1,9 x A) – (4,7 x I)
- Homens: 66 + (13,8 x P) + (5,0 x A) – (6,8 x I)
Harris-Benedict por idade e sexo
Mulheres
- 10 a 18 anos: (13,384 x P) + 692,6
- 18 a 30 anos: (14,818 x P) + 486,6
- 30 a 60 anos: (8,126 x P) + 845,6
- Acima de 60 anos: (9,082 x P) + 658,5
Homens
- 10 a 18 anos: (17,686 x P) + 658,2
- 18 a 30 anos: (15,057 x P) + 692,2
- 30 a 60 anos: (11,472 x P) + 873,1
- Acima de 60 anos: (11,711 x P) + 587,7
Fonte: FAO/OMS. Observação: P= peso e A=altura.
Para completar o cálculo do gasto energético através da TMB é necessário multiplicar o resultado da equação pelo fator de atividade física.
O fator de atividade física considera o nível de atividade física que um indivíduo se encontra, levando em conta a prática de esportes ou atividades que queimam energia com os demais afazeres cotidianos.
Assim, após calcular a TMB do paciente, o profissional deve multiplicar o valor encontrado pelo respectivo fator ao qual o avaliado(a) pertence:
Fator de Atividade Física
- Sedentário(a) ou acamado(a): 1
- Leve: 1,56
- Moderada: 1,64
- Intensa: 1,82
- Muito intensa: 2,4
5- Fórmula de Mifflin St. Jeor
Semelhante ao cálculo do gasto energético de Harris-Benedict, a fórmula de Mifflin St. Jeor contabiliza o total de energia gasta por uma pessoa considerando o peso, a idade e o fator de atividade física.
No entanto, a fórmula usada também considera as crianças, gestantes e adolescentes, onde cada grupo tem uma fórmula distinta:
Adultos
- Homens: (10 x P) + (6,25 x A) – (5 x I) + 5
- Mulheres:(10 x P) + (6,25 x A) – (5 x I) – 161
Bebês
- 0 a 3 meses: (89 x P) + 75
- 4 a 6 meses: (89 x P) + 56
- 7 a 12 meses: (89 x P) – 78
- 13 a 35 meses: (89 x P) – 80
Meninos
- 3 a 8 anos: 108,5 – (6,9 x I) + [FA x (26,7 x P + 903 x A)]
- 9 a 18 anos: 110,5 – (61,9 x I) + [FA x (26,7 x P + 903 x A)]
Meninas
- 3 a 8 anos: 155,3 – (30,8 x I) + [FA x (10 x P + 934 x A)]
- 9 a 18 anos: 160,3 – (30,8 x I) + [FA x (10 x P + 934 x A)]
Gestantes
- Primeiro trimestre: ECI
- Segundo trimestre: ECI + (8 x IG) + 160
- Terceiro trimestre: ECI + (8 x IG) + 180
Outros grupos
- Lactentes Até 6 meses: ECI + 330
- Lactentes de 6 a 12 meses: ECI + 400
- Pacientes Críticos: 25 x P
Observação: P= peso A=altura em cm I=idade em anos FA: fator de atividade física ECI= equação conforme idade e IG=idade gestacional.
6- Diário de atividades
O diário de atividades é um cálculo básico, mas não é tão relevante, pois dificilmente o resultado final reflete a realidade da maioria das pessoas.
Neste caso, o profissional de saúde registra todas as atividades realizadas por uma pessoa durante 24 horas.
O registro deve ser feito a cada 30 minutos e o somatório leva em consideração o total de calorias gastas em cada atividade.
A soma total no final do dia reflete o gasto energético do indivíduo em questão. Na prática, é um método mais complexo e apresenta erros com maior frequência.
Conclusão
Existem vários outros métodos de determinação do gasto energético na literatura médica e nutricional.
Contudo, os métodos deste artigo são os mais aplicados na prática clínica. Não existe um método considerado o mais eficaz.
Entretanto, cabe ao profissional de saúde considerar as condições da avaliação e os equipamentos disponíveis para a obtenção de resultados confiáveis.
A determinação do gasto energético é fundamental para evitar a perda ou aumento de peso. Por essa razão, é uma das etapas mais importantes na elaboração de planos alimentares individuais ou coletivos.
Referências Bibliográficas
Frankenfield D, Roth-Yousey L, Compher C. Comparison of predictive equations for resting metabolic rate in healthy nonobese and obese adults: a systematic review. J Am Diet Assoc. 2005 May;105(5):775-89. doi: 10.1016/j.jada.2005.02.005. PMID: 15883556