Sintomas da crise de ansiedade (resumo):
- Sentimentos de preocupação e medo avassaladores
- Sintomas físicos como aumento da frequência cardíaca, sudorese, tremores ou abalos, sensação de cansaço e dificuldade de concentração
- Falta de ar, aperto no peito e dificuldade para dormir
- Evitar situações que possam desencadear ansiedade
- Preocupação excessiva com eventos e resultados futuros
- Sentimentos de pavor, sensação de estar preso e sobrecarregado
- Dificuldade em controlar preocupações e pensamentos negativos
- Medo intenso e irracional de situações cotidianas
- Extrema autoconsciência em situações sociais e de desempenho
- Problemas para controlar emoções como medo, raiva ou tristeza.
Se você tem preocupações excessivas no dia-a-dia, havendo ou não motivo aparentemente para tal reação, você pode sofrer de algum distúrbio de ansiedade.
Entendê-lo torna-se importante para conseguir manejar seus principais sintomas.
Neste texto, abordaremos os principais sintomas característicos de diversos tipos de transtorno de ansiedade.
O estado de ansiedade é comum para todos os indivíduos, sendo o estado de alerta para a proteção e sobrevivência da espécie – estado de “luta ou fuga”.
Entretanto, quando esta preocupação se torna excessiva e até um pouco irracional, sem que haja uma situação de perigo aparente, a ansiedade deixa de ser um quadro normal para se tornar um estado patológico, sendo classificada como doença mental na DMS-V [1].
No Brasil, estima-se que quase 19 milhões de pessoas sofram com essa patologia, sendo o país com mais casos de ansiedade patológica do mundo segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) [2] [3].
Dentre os quadros de ansiedade patológica, destacam-se os seguintes distúrbios: transtorno de ansiedade generalizada (TAG), agorafobia, síndrome de pânico, e transtorno de ansiedade social.
De forma geral, sintomas de ansiedade patológica incluem desde sintomas físicos até comportamentos excessivos e obsessivos[1, 4].
Esses comportamentos excessivos podem ser estimulados por situações corriqueiras, e geram enorme sofrimento psíquico [5].
Dentre eles, o transtorno de ansiedade generalizada pode ser o mais recorrente, e muitas vezes ocorre junto com outros tipos de ansiedade ou doenças psicológicas, como a depressão.
As preocupações dos pacientes com TAG são difíceis de controlar, e afetam negativamente todas as áreas da vida do indivíduo [5, 6]. Dentre seus principais sintomas psicológicos, destacam-se [3, 7, 8]:
- Medo e preocupações excessivas do futuro, prospectando cenários irreais de ameaças para si mesmo ou para um ente querido,
- Preocupações generalizadas que geralmente envolvem a família, saúde, finanças ou trabalho,
- Dificuldade de lidar com a incerteza,
- Pensar sempre no pior cenário possível,
- Dificuldade de concentração,
- Nervosismo constante e fácil irritabilidade,
- Preocupações emocionais,
- Despersonalização.
Além dos sintomas psicológicos, os pacientes também podem apresentar um ou mais dos seguintes sintomas físicos [4-6, 9]:
- Boca seca,
- Sintomas gastrointestinais, como enjoos e náuseas,
- Dificuldade para adormecer ou ter o sono recuperador,
- Alta tensão muscular e incapacidade de relaxar,
- Dores de cabeça,
- Irritabilidade,
- Fadiga,
- Sudorese,
- Ondas de frio/calor,
- Taquicardia,
- Úlceras pépticas,
- Tonturas.
Já a síndrome de pânico pode ser facilmente confundida com um princípio de infarto devido ao excessivo batimento do coração que ocorre junto com a crise.
A síndrome do pânico vem sem motivo aparente, e ocorre em crises pontuais e rápidas – cerca de 15 a 30 minutos por crise [5].
Além do coração disparado, o paciente apresenta boca seca, dor no peito, tremores, falta de ar, calafrios e sensação de dormência no corpo, além de um medo intenso da morte [10, 11].
Crise de ansiedade: 15 sintomas | Explicação |
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Frequência cardíaca rápida | O coração bate mais rápido que o normal devido à reação do corpo ao estresse. |
Falta de ar | A sensação de não conseguir inspirar ar suficiente devido à reação do corpo ao estresse. |
Tontura | Sensação de tontura ou desmaio devido à reação do corpo ao estresse. |
Sentir que está fora de controle | Sensação de estar sobrecarregado e incapaz de lidar com a situação devido à reação do corpo ao estresse. |
Trêmulo ou tremendo | O corpo treme e treme devido à reação do corpo ao estresse. |
Suando | O corpo transpira devido à reação do corpo ao estresse. |
Sensação de asfixia | Sensação de dificuldade para respirar devido à reação do corpo ao estresse. |
Náusea | A sensação de enjôo no estômago devido à reação do corpo ao estresse. |
Tontura | Sensação de instabilidade ou desmaio devido à reação do corpo ao estresse. |
Dor no peito | Sensação de desconforto no peito devido à reação do corpo ao estresse. |
Medo de perder o controle ou morrer | Sensação de medo e incerteza devido à reação do corpo ao estresse. |
Fogachos | Uma sensação repentina de calor devido à reação do corpo ao estresse. |
Dor de estômago | Sensação de desconforto no estômago devido à reação do corpo ao estresse. |
Arrepios | Sensação de frio devido à reação do corpo ao estresse. |
Dor de cabeça | A sensação de desconforto ou dor na cabeça devido à reação do corpo ao estresse. |
Alguns pacientes também relatam graus diferentes de despersonalização e desrealização [3]. Pela gravidade dos sintomas, o paciente muitas vezes tem medo de ‘estar ficando louco’, e tem preocupações recorrentes de ter outros ataques, especialmente em público, e altera todo o seu comportamento a fim de evitar que isso ocorra [5], podendo levar ao estado de agorafobia [11].
Agorafobia | Principais sintomas |
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A agorafobia é um transtorno de ansiedade caracterizado pelo medo de estar em situações em que a fuga pode ser difícil ou embaraçosa. | Medo de estar em lugares públicos, lugares lotados ou sair da segurança de casa; ataques de pânico; sentir-se sobrecarregado ou incapaz de lidar com certas situações; evitar certas atividades ou lugares; e sentir-se ansioso em antecipação a um próximo evento. |
Ainda, vale a pena ser listado o transtorno de ansiedade social. Neste transtorno de ansiedade social, o paciente relata um temor excessivo em público pelo medo de como suas palavras, gestos ou ações irão transparecer para os outros.
Em suma, esse tipo de ansiedade teme o constrangimento em situações sociais, evitando-as [11]. Seus sintomas físicos e psíquicos são bem similares aos de TAG, discutidos anteriormente.
O que fazer durante uma crise de ansiedade?
Agora que já conhecemos os principais sintomas de uma crise de ansiedade, saber manejá-la da melhor forma possível é de extrema importância para tentar controlar a ansiedade patológica, e até evitá-la.
É importante reconhecer que as crises, independentemente do tipo de ansiedade relacionada, podem ocorrer motivada ou não por situações estressantes – os famosos gatilhos.
Estes estressores não são os mesmos para todos os indivíduos, e tentar reconhecê-los e aprender a lidar com os mesmos é a principal abordagem da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), uma das psicoterapias que mais se destacam no entendimento e prevenção das crises de ansiedade [12].
Embora a psicoterapia seja essencial para o manejo da ansiedade a médio ou longo prazo, conseguir controlar os sintomas de forma imediata é igualmente importante.
O primeiro passo para lidar com uma crise de ansiedade é conseguir distinguir de outras doenças físicas, como o infarto pela aceleração cardíaca, ou a COVID-19, pela falta de ar.
Aqueles que já convivem com a ansiedade por mais tempo facilmente identificam os sintomas ansiosos baseados em experiências passadas, mas pessoas que estão desenvolvendo este quadro podem precisar ir à um pronto-atendimento para conseguir definir [3].
Uma vez identificado que é uma crise, estratégias de controlar a respiração são importantes para conseguir uma capacidade maior de raciocínio. Inspire pelo nariz, segure, expire pela boca. Repita quantas vezes forem necessárias. Se possível, tente a respiração diafragmática lenta.
O que fazer durante uma crise de ansiedade |
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Respire lenta e profundamente |
Foco no momento presente |
Faça atividade física |
Pratique técnicas de relaxamento |
Conversar com um amigo ou familiar |
Faça uma pausa na situação |
Limite a ingestão de cafeína e álcool |
Tente técnicas de distração |
Pratique mindfulness e meditação |
Escreva seus pensamentos e sentimentos |
Procure ajuda profissional |
Uma vez recobrando a capacidade de raciocínio, tire os focos de pensamentos negativos de forma geral. Pense em coisas boas, se cerque de pessoas que você goste, e se permita assistir aquela série de conforto ou comer a comida predileta. Evite ficar sozinho.
E o mais importante: não tenha medo de compartilhar seus sentimentos e procurar ajuda. Isso pode ser fundamental.
Se você é próximo de alguém que sofre com crises de ansiedade, o mais importante é dar suporte durante um episódio ansioso [3].
Escute a pessoa, ajude nos exercícios de respiração, e reafirme que está tudo sob controle, e que nenhuma tragédia irá acontecer. Durante a crise, a pessoa pode ter pensamentos tortuosos e bastante negativos – ajude a clareá-los.
Por fim, entender este quadro psiquiátrico e os principais sintomas da ansiedade podem ser importantes para que o paciente procure ajuda especializada.
Cuidar da saúde mental é tão importante quanto à física, e controlar a ansiedade pode ter impacto direto na socialização, capacidade de concentração, e produtividade escolar ou no trabalho, além de uma melhoria na qualidade de vida.
Se você se identifica com alguns destes sintomas ou descrições deste texto, procure ajuda.
A ansiedade pode ser controlada com uma combinação de psicoterapia e uso de remédios específicos, dependendo da gravidade do quadro. Não se automedique.
Referências
1. Bandelow, B., S. Michaelis, and D. Wedekind, Treatment of anxiety disorders. Dialogues Clin Neurosci, 2017. 19(2): p. 93-107.
3. Tavares, J.S.C. and C.A.A. de Jesus Filho, Intervenção em crise: estratégias para o profissional de saúde/médico de família e comunidade no manejo da ansiedade dos usuários do serviço. Caderno Sisterhood, 2022. 2(1).
4. Lopes, K.C.d.S.P. and W.L. dos Santos, Transtorno de ansiedade. Revista de Iniciação Científica e Extensão, 2018. 1(1): p. 45-50.
5. Locke, A.B., N. Kirst, and C.G. Shultz, Diagnosis and management of generalized anxiety disorder and panic disorder in adults. Am Fam Physician, 2015. 91(9): p. 617-24.
6. Kavan, M.G., G. Elsasser, and E.J. Barone, Generalized anxiety disorder: practical assessment and management. Am Fam Physician, 2009. 79(9): p. 785-91.
7. Faravelli, C., et al., Generalized anxiety disorder: is there any specific symptom? Compr Psychiatry, 2012. 53(8): p. 1056-62.
8. Allgulander, C., Generalized anxiety disorder: between now and DSM-V. Psychiatr Clin North Am, 2009. 32(3): p. 611-28.
9. Psiquiatria, I., Características básicas do transtorno de ansiedade generalizada. Medicina (Ribeirão Preto, Online), 2017. 50(Supl 1): p. 51-5.
10. Meuret, A.E., et al., Panic attack symptom dimensions and their relationship to illness characteristics in panic disorder. J Psychiatr Res, 2006. 40(6): p. 520-7.
11. Frota, I.J., et al., Transtornos de ansiedade: histórico, aspectos clínicos e classificações atuais. Journal of Health & Biological Sciences, 2022. 10(1): p. 1-8.
12. Dias, C.M., Avaliação neuropsicológica das funções executivas em um adulto com sintomas de ansiedade. 2014.